Resumo:
O reconhecimento da capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO contribui para a valorização e a visibilização dessa prática de resistência negra brasileira a nível mundial, mas também implica certas ressignificações em face das possíveis essencializações. Portanto, consideramos necessário um olhar filosófico sobre a capoeira, dando ênfase aos saberes ancestrais e à sua articulação no contexto da desigualdade sociorracial. O caminho percorrido neste artigo engendra aportes teóricos multidisciplinares, juntando conceitos que dialogam entre a filosofia da diferença de Foucault, Deleuze e Guattari e as perspectivas e reflexões sociogeográficas. Defendemos a ideia de que o mestre de capoeira representa um filósofo diaspórico que cria um espaço de possibilidades para coletividades marginalizadas e fortalece uma pedagogia da (re)existência negra. Entretanto, a capoeira se inscreve num campo dinâmico, afetado por diferentes interesses econômicos, políticos e morais, com os quais o mestre precisa articular agenciamentos que salvaguardem os mais perceptíveis traços filosóficos da capoeira.
Palavras-chave: Mestre de Capoeira. (Re)existência. Desigualdade.
THE MASTER OF CAPOEIRA: strengthening philosophies and practices of black (re)existence in the face of socioracial inequalities
Abstract: Since capoeira has been recognized as Intangible Cultural Heritage of Humanity by the UNESCO, this Brazilian practice of black resistance has been increasingly valorized and visibilized at a global level. But this also implies certain resignifications in the face of possible essentializations. Therefore, we consider it necessary to provide a philosophical perspective on capoeira, emphasizing ancestral knowledge and its articulation in the context of socioracial inequality. In this article, we use a multidisciplinary approach, establishing a dialogue between the philosophy of difference of Foucault, Deleuze and Guattari, and socio-geographical perspectives and reflections. We defend the idea that the ‘mestre’ (master) of capoeira represents a diasporic philosopher who creates a space of possibilities for marginalized collectivities and promotes pedagogics of black (re)existence. Meanwhile, capoeira is part of a dynamic field affected by different economic, political and moral interests, with which the ‘mestre’ needs to articulate entanglements that safeguard the most perceptible philosophical traits of capoeira.
Keywords: Mestre of capoeira. (Re)existence. Inequality.
EL MAESTRO DE CAPOEIRA: fortaleciendo filosofías y prácticas de (re)existencia negra ante desigualdades socioraciales
Resumen: El reconocimiento de la capoeira como Patrimonio Cultural Inmaterial de la Humanidad por la UNESCO contribuye con la valorización y la visibilización de esta práctica de resistencia negra brasileña a nivel mundial, pero también implica ciertas resignificaciones frente a posibles esencializaciones. Por lo tanto, consideramos necesario el desarrollo de una perspectiva filosófica sobre la capoeira, la que hace hincapié en los saberes ancestrales y en su articulación en el contexto de la desigualdad socioracial. Así se elaboraron aportes teóricos multidisciplinarios, reuniendo conceptos que dialogan entre la filosofía de la diferencia de Foucault, Deleuze y Guattari y las perspectivas y reflexiones sociogeográficas. En este artículo defendemos la idea de que el “mestre” (maestro) de capoeira representa un filósofo diaspórico que crea un espacio de posibilidades para colectividades marginalizadas y fortalece una pedagogía de la (re)existencia negra. Entretanto, la capoeira se inscribe en un campo dinámico, afectado por diferentes intereses económicos, políticos y morales, con los cuales el “mestre” necesita articular agenciamientos que salvaguarden los más perceptibles trazos filosóficos de la capoeira.
Palabras clave: Mestre de Capoeira. (Re)existencia. Desigualdad.
Jesus_Gruber_Mestre_de_Capoeira_2018
Jesus, Fernando Santos de; Gruber, Valerie V. V. : O Mestre de Capoeira: fortalecendo filosofias e práticas de (re)existência negra perante desigualdades sociorraciais. Outros Tempos. V. 15, n. 26. 2018.